Existe uma dor silenciosa nesta frase de Jesus.
Não é raiva.
Não é ironia.
É espanto.
“Há tanto tempo estou com vocês, e você não me conhece?”
Não foi dita a um estranho.
Foi dita a Filipe, um discípulo. Alguém que caminhou, ouviu, comeu, presenciou milagres.
Alguém dentro.
Essa pergunta não denuncia ignorância intelectual.
Denuncia familiaridade sem intimidade.
O escândalo de conviver com Jesus e ainda assim não percebê-lo
Conhecer Jesus não é o mesmo que saber sobre Jesus.
Não é decorar frases, repetir doutrinas ou defender posições corretas.
Filipe sabia tudo isso.
O problema é que ele ainda pensava que Deus precisava ser mostrado, quando Deus já estava presente.
“Mostra-nos o Pai”, ele pede.
“Quem me vê, vê o Pai”, Jesus responde.
Aqui está o confronto:
Filipe queria uma experiência maior, quando o próprio Deus estava diante dele em forma humana, simples, acessível, comum demais para suas expectativas espirituais.
Quando buscamos Deus longe demais
Essa frase ecoa hoje com força incômoda.
Quantas vezes pedimos:
- mais revelação,
- mais sinais,
- mais profundidade,
- mais poder,
quando Jesus já está ali — no modo como amamos, perdoamos, servimos, caminhamos?
Talvez não falte Deus.
Talvez falte atenção.
Talvez o problema não seja ausência divina, mas uma fé que só reconhece Deus quando Ele explode, grita ou impressiona.
Jesus, porém, insiste em outro caminho:
“Olhem para mim. Observem meu jeito. Meu caráter. Meu amor.”
O risco de uma fé funcional, mas cega
É possível:
- frequentar a igreja,
- produzir conteúdo cristão,
- ensinar teologia,
- liderar pessoas,
e ainda assim não conhecer Jesus.
Não porque Ele se esconde,
mas porque esperamos um Deus diferente do Cristo que se revela.
Um Deus mais útil.
Mais previsível.
Mais alinhado às nossas ideias.
Jesus não cabe nesses moldes.
E é por isso que, mesmo estando perto, tantos não O reconhecem.
A pergunta que não envelheceu
“Há tanto tempo estou com vocês…”
Essa não é apenas uma frase histórica.
É uma pergunta viva, que atravessa séculos e chega até nós.
Ela nos força a encarar uma verdade desconfortável:
Proximidade não garante revelação.
Você pode andar com Jesus e ainda assim não vê-lo.
Pode falar dEle e não conhecê-lo.
Pode defender Sua causa e ignorar Seu coração.
Conhecer Jesus é deixar-se redefinir
Conhecer Jesus não é adicionar informação à fé.
É permitir que Ele reorganize tudo.
É olhar para Ele e aceitar que Deus:
- perdoa quando esperamos punição,
- se aproxima quando esperamos distância,
- se revela na cruz quando esperávamos tronos.
Quem vê Jesus vê o Pai.
Mas só vê quem está disposto a abandonar as imagens que criou de Deus.
E a pergunta permanece…
Depois de tanto tempo:
- ouvindo,
- lendo,
- falando,
- escrevendo,
- servindo,
nós O conhecemos?
Ou apenas nos acostumamos com Sua presença a ponto de não percebê-la mais?
Jesus não pede que O busquemos mais longe.
Ele pede que O vejamos melhor.
E isso muda tudo.
Se bateu forte aí dentro, fortaleça aqui fora.
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