As Sete Condições para Ver o Reino
Existe uma frase de Jesus que soa quase como uma contradição ambulante. Ele olha para um grupo de adultos, religiosos experientes, gente calejada pelos anos, e declara em Mateus 18:3:
“Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus.”
É curioso.
O mundo sempre nos empurra para “crescer”, “amadurecer”, “ser fortes”, “ter autocontrole”, “fazer o nome acontecer”.
Mas Jesus aponta para o caminho contrário.
A segunda condição para ver o Reino é justamente esta: converter-se.
E aqui, conversão não significa trocar de religião, mudar de agenda moral ou colecionar versículos.
Significa descer de tamanho.
Converter-se é desinstalar o adulto orgulhoso
A conversão que Jesus apresenta em Mateus 18:3 não é cosmética.
Não é pintar a fachada da alma; é reconstruir a planta inteira.
Converter-se é admitir que a vida adulta nos ensinou habilidades que o Reino não aceita:
autossuficiência, poder disfarçado de virtude, cautela travestida de sabedoria, e aquela velha mania de controlar tudo, até Deus.
A criança não tenta comandar o vento.
O adulto, sim.
E por isso tantos vivem cansados.
A conversão é o momento em que deixamos de tentar ocupar o lugar do Autor para assumir o papel de criatura outra vez.
O Reino não cabe nas nossas certezas adultas
A criança não tem respostas prontas.
Ela tem curiosidade.
Ela pergunta, experimenta, erra, tenta de novo.
Ela ainda não aprendeu a fingir.
O adulto, por outro lado, se protege atrás de conclusões rígidas.
E o Reino não passa por portas rígidas.
Jesus não está romantizando a infância.
Ele está confrontando a nossa arrogância.
O Reino é grande demais para ser visto por olhos que já decidiram o que Deus pode ou não pode fazer.
Converter-se é trocar a postura de controle pela postura de abertura.
É permitir que Deus faça perguntas que bagunçam nossa zona de conforto.
Converter-se é aceitar ser conduzido
A criança tem algo que o adulto perdeu pelo caminho: dependência sem vergonha.
Ela sabe que não carrega tudo sozinha.
Ela pede ajuda sem hesitar.
Ela não precisa construir uma reputação para ser amada.
Jesus diz:
Quer ver Meu Reino?
Aprenda a ser conduzido.
A conversão exige soltar as mãos que você mantém firmadas no volante da própria história.
Exige confiar que o Pai sabe a rota, mesmo quando você não compreende o mapa.
Para muitos, isso soa como fraqueza.
Para o Reino, isso se chama sabedoria.
O tamanho da porta denuncia o tamanho da alma
A porta do Reino é baixa.
Não por capricho divino, mas para impedir que os soberbos passem.
A conversão nos faz abaixar a cabeça.
Não em humilhação vazia, mas em reconhecimento:
“Eu não sei tudo. Eu não domino tudo. Eu não sou o centro de nada.”
Quando alguém finalmente se abaixa, o Reino se torna visível.
Não porque Deus se esconde, mas porque nossa altivez fazia sombra.
E Assim Continuamos a Jornada
Já falamos sobre a primeira condição: arrepender-se.
Agora caminhamos pela segunda: converter-se.
Não como evento, mas como processo.
Não como ritual, mas como transformação profunda.
Nos próximos posts, abriremos as outras portas.
Algumas mexerão com sua lógica.
Outras desafiarão seus hábitos secretos.
Mas todas apontarão para um Reino que só é visto por quem decide desaprender para poder nascer de novo.
Até o próximo capítulo.
Que Deus nos dê coragem para diminuir a ponto de caber no Reino.