Onde Ele deveria Estar

Há perguntas que não pedem resposta.
Pedem deslocamento.

Quando Jesus, ainda menino, olha para Maria e José e diz:

“Por que vocês estavam me procurando?”

Ele não está sendo ingênuo.
Nem desobediente.
Nem indiferente à angústia dos pais.

Ele está revelando um conflito silencioso:
o choque entre expectativas humanas legítimas e prioridades divinas inegociáveis.

Essa frase não é apenas uma fala infantil registrada na Bíblia Sagrada.
Ela é um espelho desconfortável.

Quando procurar Jesus se torna sinal de que já o perdemos

Maria e José estavam “procurando Jesus”.
Mas o fato de procurá-lo já denunciava algo inquietante:
eles o haviam perdido no meio do caminho.

E aqui está a provocação:
nem sempre perdemos Jesus por rebeldia.
Às vezes, o perdemos por normalidade.

Rotina.
Tradição.
Agenda religiosa.
Fluxo automático da fé herdada.

Jesus não estava longe.
Estava onde sempre esteve:
no lugar do Pai, na escuta, no diálogo, na profundidade.

Eles é que seguiram viagem sem perceber.

A pergunta que desmonta nossa fé utilitária

“Por que vocês estavam me procurando?”

Traduzindo para hoje:
Por que vocês me procuram?
Para resolver problemas?
Para aliviar culpas?
Para manter estruturas funcionando?
Para sustentar uma imagem religiosa?

Jesus não se oferece como acessório emocional.
Nem como solução rápida.
Nem como amuleto espiritual.

Ele se posiciona antes mesmo de iniciar seu ministério público:
“Eu pertenço ao Pai antes de atender expectativas.”

Isso desinstala qualquer fé baseada apenas em utilidade.

O desconforto de um Cristo que não cabe nos nossos mapas

Jesus não se perdeu.
Ele se encontrou.

Enquanto Maria e José percorriam caminhos conhecidos,
Jesus permanecia onde poucos querem ficar:
no espaço da escuta longa, da pergunta profunda, do aprendizado exigente.

O problema nunca foi o Templo.
Foi a suposição de que Jesus deveria estar onde nós achamos mais conveniente.

Quantas vezes esperamos encontrá-lo:

  • no conforto,
  • na aprovação,
  • no sucesso,
  • na previsibilidade…

…quando Ele está no silêncio,
no confronto,
na formação interior,
no lugar do Pai.

Uma pergunta que atravessa séculos

Essa frase ecoa até hoje porque não envelheceu.
Ela continua perguntando:

Por que você está me procurando?
O que você espera encontrar em mim?
Quem você acha que eu sou?

Talvez a maior crise espiritual do nosso tempo
não seja a ausência de Jesus,
mas a expectativa errada sobre onde ele deveria estar.

Nem toda busca é fé

Há buscas que revelam dependência.
Outras revelam controle.
Outras apenas ansiedade religiosa.

Jesus não condena quem o procura.
Mas confronta o motivo da procura.

Porque, às vezes,
o verdadeiro problema não é não encontrar Jesus —
é encontrá-lo exatamente onde ele sempre esteve
e perceber que não era lá que queríamos que ele estivesse.

“Por que vocês estavam me procurando?”

Talvez a resposta mais honesta seja:
porque, no fundo,
esperávamos um Cristo diferente daquele que o Pai revelou.

E essa pergunta continua em aberto.

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