O Natal Que Não Cabe no Presépio

O Natal costuma ser contado como uma história bonita.
João insiste em contá-lo como uma ruptura.

Enquanto os evangelhos falam de manjedoura, pastores e anjos, João começa antes do tempo, antes do calendário, antes da nostalgia. Ele nos força a olhar o Natal não como um evento doméstico, mas como um abalo cósmico.

“No princípio era o Verbo…”

O Natal não começa em Belém.
Começa em Deus.

O Natal não é Deus vindo ao mundo — é o mundo sendo redefinido

João não apresenta Jesus como um recém-nascido promissor, mas como Aquele por meio de quem tudo passou a existir. O Natal, então, não é sobre como Deus entrou na nossa história, mas sobre como nossa história só faz sentido porque Ele entrou.

Celebramos o nascimento de Cristo como se fosse um capítulo novo. João nos lembra:
Ele é o prólogo de tudo.

Talvez por isso o Natal incomode tanto quando é levado a sério. Ele não veio apenas aquecer corações, mas reorganizar lealdades.

A luz do Natal não é decorativa — é invasiva

“A luz resplandece nas trevas…”

A luz do Natal não foi acesa para criar clima.
Ela foi acesa para expor.

Não é a luz suave das vitrines. É a luz que atravessa becos, revela rachaduras e denuncia sombras internas. O problema nunca foi a ausência de luz — foi a nossa habilidade em nos adaptar ao escuro.

O Natal não é Deus se ajustando ao mundo.
É o mundo sendo confrontado pela luz.

O escândalo do Natal não é um bebê — é a carne

“O Verbo se fez carne.”

Não espírito.
Não metáfora.
Carne.

João destrói qualquer espiritualidade que queira um Deus distante do corpo, da dor, do cotidiano. O Natal afirma algo radical: Deus não despreza o físico, o comum, o frágil. Ele entra nisso.

O Natal diz que Deus não veio salvar a humanidade apesar da matéria, mas através dela.

Isso confronta uma fé que só funciona no culto, mas não no trabalho; que canta louvores, mas ignora o sofrimento concreto.

O Natal também fala de rejeição

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.”

João não embeleza a história.
O Natal não foi unanimidade.
Foi resistência.

A luz foi rejeitada não por ser fraca, mas por ser verdadeira demais. Preferimos um Deus controlável, previsível, embrulhado em tradição — não um Deus que encarna e exige resposta.

O Natal revela que a maior distância entre Deus e o homem não é geográfica.
É do coração.

A verdadeira glória do Natal não brilha — ela permanece

“Vimos a sua glória, cheia de graça e de verdade.”

Não é a glória que deslumbra por uma noite.
É a glória que decide habitar.

Deus não fez uma visita.
Ele fez morada.

Graça sem verdade vira sentimentalismo natalino.
Verdade sem graça vira peso religioso.
Em Jesus, o Natal une as duas coisas — não para nos poupar da transformação, mas para torná-la possível.

Talvez o Natal esteja nos perguntando algo incômodo

Não se você acredita na história.
Mas se você recebeu o Verbo.

O Natal não é sobre montar um presépio.
É sobre permitir que Deus desmonte o nosso.

Porque, no fim, João nos lembra:
O Natal não é apenas Deus conosco.
É Deus conosco… se deixarmos.

E essa continua sendo a pergunta que separa luz de escuridão — inclusive em dezembro.

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