Miopia Espiritual

Quando a fé se torna miopia espiritual

Há momentos em que Jesus não fala com o mundo, mas com os discípulos — com aqueles que já andam com Ele, já viram milagres, já ouviram verdades, já confessaram fé. E é exatamente aí que Suas perguntas mais desconfortáveis aparecem: “Ainda não percebem nem compreendem?”

Essa pergunta não é sobre ignorância, mas sobre insensibilidade. Não sobre falta de informação, mas sobre saturação de experiências que não se transformam em discernimento.

Quando o milagre não gera memória

Os discípulos tinham visto pão se multiplicar duas vezes. Tinham visto o mar obedecer, demônios fugirem, mortos ressuscitarem. Ainda assim, diante da falta de um pão no barco, entram em pânico.
O problema não era o pão — era a memória. Eles se esqueceram de quem estava com eles.

Quantas vezes fazemos o mesmo?
Deus nos sustentou, abriu portas, curou feridas, e ainda assim duvidamos no próximo vento contrário.
Vivemos de picos de fé, mas sofremos de amnésia espiritual crônica.

Conhecimento sem revelação é cegueira sofisticada

Perceber e compreender são verbos diferentes.
Perceber é ver o que acontece; compreender é discernir o que Deus está fazendo.
Há pessoas que enxergam milagres todos os dias, mas não compreendem o significado deles.
São espectadores da graça, mas não participantes do propósito.

Jesus não quer apenas que vejamos Suas obras, mas que entendamos Seu coração por trás delas.

Fé não é apenas crer, é lembrar

A pergunta de Jesus ecoa nos nossos dias de dúvida:

“Você ainda não entendeu? Eu não mudei. Só o cenário mudou.”

A fé madura não é a que vibra com cada bênção, mas a que reconhece Deus no silêncio, no pouco, no atraso aparente.
É a fé que se lembra: “Ele já multiplicou antes. Ele pode fazer de novo.”

Um chamado à lucidez espiritual

Cristo nos convida a uma fé lúcida — aquela que conecta o passado com o presente, que lê as circunstâncias com olhos de eternidade, que entende que cada “falta de pão” é uma aula de confiança.

Talvez a nossa maior cegueira hoje não seja a falta de visão, mas a falta de percepção.
Não é o que não vemos, é o que já vimos e não compreendemos.


Que o Espírito Santo cure nossa miopia espiritual.
Que nos ensine a reconhecer o mesmo Jesus no barco vazio e na multidão saciada.
E que, da próxima vez que Ele perguntar:

“Ainda não percebem nem compreendem?”
possamos responder:
“Agora, Senhor, finalmente entendo: o pão nunca foi o problema — a minha falta de percepção era.”

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