O escândalo da saliva

Quando o Milagre Vem do Barro

Se fôssemos nós, teríamos esperado uma cura cinematográfica.
Luzes. Corais. Céu se abrindo.
Mas Jesus escolheu um método… digamos, pouco higiênico.

Cuspiu no chão.
Fez barro com a própria saliva.
E esfregou nos olhos de um homem cego.

Sério, Jesus?
Nenhum “seja curado”? Nenhum gesto dramático?
Apenas barro e cuspe?

O milagre começa exatamente onde o nosso orgulho recua.

A pedagogia do improvável

Deus não tem compromisso com os métodos que nos agradam.
Enquanto esperamos o extraordinário, Ele aparece no ordinário.
Enquanto pedimos o céu, Ele trabalha com o chão.

A mesma mão que modelou Adão do pó agora molda visão do mesmo pó.
A matéria-prima da vergonha se torna o meio da restauração.

Porque a cura de Deus raramente vem revestida de glamour —
ela vem revestida de humildade.

A cegueira que não se vê

Mas a história não é só sobre o homem que enxergou.
É sobre os religiosos que viam, mas eram cegos.

O cego reconheceu o milagre.
Os líderes viram o barro — e tropeçaram no método.
Eles queriam um Deus que coubesse nas regras,
mas Jesus cuspia nas regras para curar pessoas.

O escândalo não foi o barro — foi a liberdade.
O Cristo que curava fora do sábado, fora do templo, fora dos protocolos.

Deus ainda usa o pó

Talvez seja isso que mais nos incomoda:
a ideia de que o Deus que cura usa o que desprezamos.

Usa poeira.
Usa lágrimas.
Usa fracassos.
Usa gente quebrada para tocar gente ainda mais quebrada.

Enquanto nós oramos para Deus mudar o cenário,
Ele muda o sentido — e transforma a lama em milagre.

Quando o cuspe vira sinal de amor

O cuspe de Cristo é um lembrete escandaloso:
Deus se aproxima o suficiente para misturar sua saliva com o nosso pó.
O Criador não tem nojo da criatura.
Ele não apenas fala à distância — Ele se envolve.

É a proximidade que cura.
É o toque divino no chão humano.
É a graça que não se intimida com a sujeira.

A cura exige obediência

Depois do toque, veio o comando:

“Vá e lave-se no tanque de Siloé.”

O milagre começou no toque, mas se completou na caminhada.
Muitos perdem o milagre porque param antes do tanque.
Querem a visão, mas não querem o caminho.

Deus cura no processo — não no conforto.

E se o que você está chamando de “lama” for o material do seu milagre?
E se o cuspe que você despreza for a assinatura de um Deus que ainda se envolve?

A fé verdadeira é aprender a enxergar beleza na sujeira do processo.
Porque o mesmo Deus que soprou vida do pó
ainda faz barro com a saliva da graça —
e devolve visão aos que estão cansados de enxergar sem ver.

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