Quando a Fera Morde

O Chamado que Nem a Dor Silencia

Existe um tipo de chamado que não pede licença.
Que rasga a pele, fratura ossos e nos deixa entre a vida e a morte,
não apenas para nos ferir,
mas para expor o que sempre esteve lá dentro.

David Livingstone descobriu isso literalmente — com dentes cravados em seu braço, o corpo sacudido como presa. Seu grito não era apenas de dor, mas de propósito.

Naquele instante, a África não era mapa, era ferida. O leão não era apenas fera; era revelação.
Alguns chamados não vêm em templos iluminados.
Vêm como dentes na carne.

E há uma pergunta incômoda aqui:
O que está mordendo você hoje?
Porque, às vezes, o ataque revela o envio.

Chamados não são românticos. São reais. Doloridos. Suados.

Enquanto outros buscavam conforto, ele buscou trilhas não pisadas — porque enxergava algo além da superfície.
Ele via fumaça no horizonte.
Vilas inteiras… almas…
Histórias que nome nenhum no Ocidente jamais ouviria.

E nós?
Vemos fumaça ou vemos comodidade?
O horizonte que Deus coloca diante de nós pode ser uma missão escondida por trás de nossa rotina.

O mundo ama o palco. Deus ama a vereda esquecida.

Livingstone nunca teve brilho cênico.
Não era grande pregador.
Não impressionava com eloquência.

Mas sua pregação tinha coerência:
suas pegadas na terra da África gritavam mais alto que sermões.

Hoje temos microfones sem vida, luzes sobre egos enterrados,
e discursos inflamados que não inflamam nada.

Chamado não é performance.
É persistência.

Você está disposto a sangrar por aquilo que diz crer?

A fé contemporânea parece sofisticada, esterilizada, instagramável.
Mas aqueles que mudaram a história tinham cicatrizes, não filtros.

Livingstone não fugiu da selva.
Ele dormiu nela.

Não colecionou seguidores.
Acompanhou os esquecidos.

Não pediu aplausos.
Assumiu riscos.

Hoje pedimos propósito… sem custo.
Chamado… sem desconforto.
Influência… sem cruz.

Queremos glória, mas rejeitamos poeira.

A grande ironia do chamado

O homem que quase morreu sob as garras de um leão viu nisso vida, não trauma.
Talvez, porque sabedores do propósito não interpretam dor como punição,
mas como direção.

A dor que nos acorda pode ser o GPS de Deus.

Será que o mundo ainda verá a fumaça de uma igreja missionária?

Enquanto muitos fogem para plataformas seguras, Livingstone correu para dentro da mata.
Ele queria onde ninguém tinha ido.
Onde o Evangelho ainda não tinha voz.
Onde o chão não tinha pegadas de pastor.

Talvez a pergunta hoje não seja:
“Qual o meu sonho?”
Mas sim:
“Onde ainda não há testemunho?”

O chamado pode ser simples:

  • Uma rua esquecida.
  • Uma pessoa invisível.
  • Uma dor silenciada.
  • Uma vila sem fumaça — porque não há fogo.

E quando Deus aponta, até o leão respeita.

Cristãos autênticos vivem com arranhões.
Chamados queimam como febre.
A missão não é confortável — é necessária.

E se o seu evangelho não te leva a sujar os pés,
talvez você esteja parado demais para ouvi-lo.

Quem tem medo do leão, nunca descobre o quanto Deus é forte.

Referência:

Janet and Geoff Benge, David Livingstone: Africa’s Trailblazer, YWAM Publishing 1999

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