Missionários Cristãos: Clarence Jones

Se o Evangelho é Tão Verdadeiro, Por Que Vivemos Como Se Não Fosse?

Você já parou para pensar o quanto do que chamamos “vida cristã” é mais tradição do que transformação? Se Cristo viveu, morreu e ressuscitou — se Ele realmente é a Verdade encarnada — por que tantas vezes nos contentamos com um cristianismo de superfície, rotineiro, quase automático?

A Mensagem Radiante, a Prática Apagada

Durante séculos, ouvimos falar de homens e mulheres que, ao se depararem com Jesus, tiveram suas vidas completamente viradas do avesso. Não estou falando de uma emoção passageira ou de um compromisso momentâneo, mas de decisões ousadas, coragem para atravessar fronteiras, ir ao encontro do desconhecido, desafiar o conforto e, muitas vezes, o próprio senso comum.

Gente como Clarence Jones, que abriu mão de estabilidade, reconhecimento e segurança para seguir um chamado louco aos olhos do mundo: fundar uma rádio cristã no topo dos Andes equatorianos, quando todos os especialistas afirmavam que seria tecnicamente impossível, financeiramente inviável, espiritualmente inútil — e ainda mais, numa cultura avessa ao protestantismo. E ele foi assim mesmo. Movido por algo maior do que lógica, rotina, autossuficiência ou prudência “religiosa”.

Hoje, porém, nos contentamos com pouco. O que será que nos paralisou?

Será o medo do olhar alheio? O apego ao conforto? A ilusão de que fé é ritual e não experiência de risco? Nos acostumamos a pedir “mais de Deus” em reuniões emotivas sem nunca dar mais de nós mesmos no cotidiano. Troco compromisso por performance, oração por autopromoção, confiança radical por estratégia calculada.

A Encruzilhada do Século XXI

Ao reler relatos de pioneiros que não sabiam onde o próximo salário viria, mas continuavam porque confiaram em um Deus fiel, me pergunto: quão diferente seria nossa geração se levássemos o Evangelho a sério? Se, de fato, Ele é Senhor e Rei, até que ponto nossas agendas e decisões refletem essa convicção? Ou será que, no fundo, cultivamos uma incredulidade prática, mantendo Deus à distância confortável dos nossos limites, sonhos pequenos e zonas de segurança?

A Bíblia narra histórias de riscos inconcebíveis que resultaram em milagres e impacto eterno — mas, para muitos de nós, esse radicalismo parece ser coisa de um passado distante, quase mitológico. No entanto, o chamado não mudou. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” Não há rodapé, asterisco ou condições especiais para o século XXI.

E se fizéssemos?

  • E se decidíssemos viver — de verdade — como se o Evangelho fosse o fato mais importante da existência?
  • E se nossas orações saíssem da teoria para a obediência prática de cada dia?
  • E se parássemos de pedir provas a Deus e começássemos a provar ao mundo, com nossas próprias vidas, que Ele faz novas todas as coisas?

Provocação Final

Chegou a hora de a igreja parar de entregar ao medo, à rotina ou ao conformismo o protagonismo de sua missão. A história de Clarence Jones — e de tantos outros antes e depois dele — é um chamado ardente: o impossível é apenas o início para quem confia em Deus. O evangelho não é uma tradição, mas uma revolução silenciosa e irreversível.

Se Cristo não ressuscitou, nada disso faz sentido. Mas se ressuscitou — por que não estamos vivendo como se isso fosse a mais impactante das verdades?

Referência:

Benge, Geoff and Janet, Clarence Jones: Mr. Radio, YWAM Publishing, 2013

Deixe um comentário