Orando por Poder: Um Caminho para a Maturidade Espiritual

Há momentos em nossa caminhada cristã em que sentimos nossa fraqueza de forma aguda. O apóstolo Paulo, escrevendo aos efésios, conhecia bem essa realidade humana e nos oferece uma perspectiva poderosa sobre como podemos ser fortalecidos através da oração.
Em Efésios 3:14-21, encontramos uma das orações mais profundas de Paulo. Ele inicia dizendo: “Por esta razão, me ponho de joelhos diante do Pai”. A postura física de Paulo—ajoelhado—reflete a atitude interior que devemos cultivar: humildade e reverência diante do Criador do universo.
O que chama atenção nesta passagem é o foco de Paulo. Ele não ora por prosperidade material, saúde ou circunstâncias favoráveis. Sua oração é direcionada ao fortalecimento interior dos crentes.

Fortalecidos pelo Espírito

Paulo pede “que sejam fortalecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior”. Este poder não é para realizar milagres espetaculares, mas para desenvolver maturidade, estabilidade e discernimento espiritual. O homem interior—nossa razão, consciência e vontade—precisa ser constantemente renovado enquanto o homem exterior perece.
Nossa cultura celebra a aparência externa, mas Deus olha para o coração (1 Samuel 16:7). Quanta atenção temos dedicado ao nosso ser interior? Estamos nos alimentando da Palavra e respirando na atmosfera da oração diariamente?

Cristo Habitando em Nosso Coração

O segundo pedido de Paulo é que “Cristo habite, pela fé, em vossos corações”. Não se trata apenas de Cristo residir em nós, mas de Ele se sentir em casa! Que desafio pensar que podemos entristecer o Senhor com nossos pensamentos, palavras e atitudes.
Cristo deseja ter livre acesso a todos os “cômodos” de nossa vida—nossas escolhas profissionais, nossos relacionamentos, nosso lazer, nossas finanças e até mesmo nossos pensamentos mais íntimos. Há áreas de sua vida que ainda estão com a porta fechada para Ele?

Enraizados e Alicerçados no Amor

Paulo usa duas metáforas poderosas para expressar como devemos estar fundamentados no amor: raízes profundas como uma árvore e alicerces sólidos como um edifício.
Uma árvore com raízes rasas não sobrevive às tempestades. Da mesma forma, nossa fé precisa estar profundamente enraizada no amor de Cristo para encontrar provisão e estabilidade nos momentos difíceis. Uma casa sem fundamento sólido desmorona facilmente, como Jesus ensinou na parábola dos dois construtores (Mateus 7:24-27).

A Imensidão do Amor de Cristo

Em uma das expressões mais belas da Escritura, Paulo ora para que os efésios “possam compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade do amor de Cristo”. É paradoxal: Paulo ora para que conheçamos algo que supera todo conhecimento!
O amor de Cristo é:
• Suficientemente largo para abranger toda a humanidade
• Suficientemente comprido para durar por toda a eternidade
• Suficientemente profundo para alcançar o pecador mais degradado
• Suficientemente alto para nos elevar aos céus

Cheios da Plenitude de Deus

Finalmente, Paulo pede que sejamos “cheios de toda a plenitude de Deus”. Como criaturas finitas, não podemos conter o Deus infinito—mas podemos, dentro de nossas limitações humanas, sermos transformados à imagem de Cristo e participarmos da natureza divina (2 Pedro 1:4).
Esta comunhão íntima com Deus transcende qualquer relacionamento humano. É desfrutar da própria presença de Deus em nós, permitindo que Sua natureza moldee nossa existência.

Para a Glória de Deus

Paulo conclui com uma doxologia que nos lembra que Deus “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós”. Quando contemplamos as histórias de Abraão, Moisés, Davi e tantos outros, vemos como Deus realizou o extraordinário através de pessoas comuns.
E qual é o propósito final de tudo isso? “A ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” Nossa busca por poder espiritual deve sempre ter como objetivo final a glória de Deus—não apenas hoje, mas por toda a eternidade.
Que possamos, como Paulo, orar ousadamente, buscando não conforto ou prosperidade, mas o verdadeiro poder que vem do Espírito de Deus habitando em nós, transformando-nos e glorificando o nome do Senhor em tudo o que somos e fazemos.

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